Os 100 Melhores Curta-Metragens Brasileiros de Todos Os Tempos

Cleiton
4 min readAug 1, 2019

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Como assistir (quase todos) eles e algumas análises sobre a lista da Abraccine.

No começo de junho de 2019 a Abraccine — Associação Brasileira de Critícos de Cinema — divulgou a lista dos 100 melhores curta-metragens brasileiros de todos os tempos. Elencados em ordem de grandeza, os curtas e média metragens registram mais de 100 anos de produção cinematográfica no Brasil.

Quando divulgada, a lista foi muito celebrada pela eleição de “Ilhas das Flores” como o melhor curta-metragem brasileiro. O curta do diretor gaúcho Jorge Furtado deve ter sido o primeiro filme brasileiro nesse formato que vi (ou o primeiro que me captou) e é um dos mais emblemáticos e conhecidos filmes brasileiros. Mas, ao olhar a lista, resolvi ir atrás dos outros 99 filmes listados e acabei montando uma playlist no YouTube com todos os 90 filmes que encontrei na plataforma, seguindo a mesma ordem da Abraccine:

Clique em “Show Embed” para ver a playlist ou aqui.

Entre os 10 filmes que não estão no YouTube, 7 foram encontrados em outras plataformas:

- “Praça Walt Disney (2011), de Renata Pinheiro e Sergio Oliveira
- “Ver Ouvir” (1966), de Roberto Magalhães
- “Torre (2017), de Nádia Mangolini
- “Um Sol Alaranjado (2002), de Eduardo Valente
- “Nada (2017), de Gabriel Martins
- “Menino da Calça Branca (1961), de Sérgio Ricardo
- “Frankstein Punk (1986), de Cao Hamburger e Eliana Fonseca

E somente 3 curtas não foram encontrados para serem assistidos online:

- “Guaxuma” (2018), de Nara Normande
- “Socorro Nobre” (1995), de Walter Salles
- “A Pedra da Riqueza” (1975), de Vladimir Carvalho

Você pode ver no link abaixo a lista completa na planilha que montei com os filmes, seguindo a ordem da Abraccine, e links para assistir todos os 96 curtas disponibilizados online:

Enquanto buscava os curtas para a playlist, comecei a observar algumas informações que achei bacana de compartilhar:

  • O filme mais antigo é de 1913: “Os Óculos do Vovô”, de Francisco Santos.
  • O filme mais recente é de 2018: “Guaxama”, de Nara Normande
  • O ano com mais curtas selecionados é 1966, com 6 filmes.
  • Cronologicamente falando, 1966 também é o ano em que curtas dirigido por mulheres aparecem, pela primeira vez, na lista: “A Entrevista”, de Helena Solberg.
  • Com “A Entrevista”, Helena Solberg conseguiu a melhor posição dentre as diretoras da lista, na décima posição.
  • Dentre os 100 filmes, apenas 11 mulheres aparecem como diretoras: Helena Soldberg, Nara Normande, Juliana Rojas, Renata Pinheiro, Luna Alkalay, Ana Maria Magalhães, Yasmin Thayná, Debora Waldman, Laís Bodanzky, Ana Carolina Soares, Rosana Urbes e Eliana Fonseca
  • Dessas 11 diretoras, duas dividem a direção com homens: Luna Alkalay, em “Lacrimosa”, com Aloysio Raulino, e Eliana Fonseca, com “Frankstein Punk”, com Cao Hamburguer.
  • No gráfico abaixo, separei os filmes por década e por sexo. Interessante ver as “décadas perdidas” de 1920 e 1940, a supremacia dos anos 60 e 70, com 46 filmes na lista e a evolução da presença feminina entre os curtas eleitos nos anos 2010.
Os números em negrito são a soma do total de filmes com diretores e diretoras.
  • O diretor que aparece mais vezes é Aloysio Raulino, com 5 filmes.
  • Outros diretores com mais de um curta na lista: Ivan Cardoso e Joaquim Pedro de Andrade, com 4 filmes. André Novais Oliveira, Humberto Mauro, Jairo Ferreira, Kleber Mendonça Filho, Leon Hirszman elencam 3 filmes. Andrea Tonacci, Arthur Omar, Carlos Reichenbach, Edgard Navarro, Glauber Rocha, Joel Pizzini, Jorge Furtado, Marcos Magalhães, Nelson Pereira dos Santos e Ozualdo Candeias estão, cada um, com 2 curtas.
  • Nenhuma mulher está com mais de um filme na lista.
  • Os 18 diretores com mais de um curta conseguiram, no total, colocar 48 filmes na lista.
  • Um fato curioso é que a lista conta com a presença de um militar: o Major Thomaz Reis dirigiu, em 1917, “Rituais e Festas Bororo”, como parte da Expedição Rondon. O curta é considerado o primeiro documentário etnográfico do mundo. Thomaz Reis, inclusive, é assunto de diversos estudos e análises, dentre as quais destaco as de Andrea C. T. Wanderley, a de Cleber Eduardo e a de Paulo Menezes.

Segundo o G1, a lista serviu de base para um livro, que será publicado no segundo semestre de 2019 e contará também com ensaios e artigos sobre curtas e média metragens no Brasil. Enquanto ele não é lançado, aproveite e veja todos os curtas. ;)

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